Embora podendo ocorrer ensino na ausência da intenção, como referi no post anterior, quando formalmente organizado – num sistema educativo – as escolas estão vocacionadas para os atos de ensino propositadamente preparados, para produzirem aprendizagem. As escolas são, pois, contextos em que é claro tanto quem ensina, como o que ensina e a quem ensina. Por isso, na sala de aula, em temos genéricos, ocorre ensino; em termos específicos ocorre ensino quando a atividade que envolve professor e alunos é conduzida de maneira a que estes aprendam. Este é o fim último a que se destina o trabalho do professor: gerar aprendizagens.
É
inegável que a democratização do ensino aliada ao progresso propiciou o acesso
simples, rápido e generalizado do conhecimento. A mudança ocorrida nas formas
de aprender refletiu-se, ou deveria refletir-se, na maneira de ensinar. O papel
do professor, enquanto transmissor de conhecimentos passou a
facilitador/propiciador de conhecimentos especializados, mas também de
desafios, de experiências e de práticas. Esse novo paradigma de
ensino/aprendizagem aponta no sentido de ensinar para pensar, “para aprender a
aprender”, em vez de ensinar para instruir apenas. Resulta dessa aceção, que as
aprendizagens terão de ser, obrigatoriamente significativas para os alunos, ou
por outra, aprende-se melhor quando se sabe o porquê e para quê.
Como referi
anteriormente, o progresso e o grande avanço tecnológico, propiciou o acesso à
informação de forma generalizada, rápida, intuitiva, à distância de um simples
toque. Essa constatação remete-nos a questões debatidas anteriormente, em que o
papel do professor é posto em causa e onde a resistência à mudança é vista como
uma espécie de “instinto de sobrevivência” a falar mais alto.
A
introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação colocaram à disposição
de professores e alunos um mundo de possibilidades. Porém, como refere Goulão
(2012), a “utilização das TIC per si
não é suficiente para garantir a inovação e uma efetiva aprendizagem” (p.15).
Esta afirmação torna legítima a questão que se coloca a seguir: Haverá máquinas de ensinar ou outras formas de ensino sem professor?
Em jeito de conclusão,
pode-se afirmar que as máquinas e os livros não têm como intenção ensinar, logo,
podem apenas ser instrumentos de ensino quando utilizados como métodos
didáticos do ato de ensinar. Podemos considerar que se a máquina de ensinar
estiver programada para a indicação do que se pretende ensinar, deverá ser
considerada um agente de ensino, mas a sua programação é a parte fundamental do ato
de ensinar e programar, neste contexto, é função do professor (Hirst: 1971).
Bibliografia
Goulão, M.F. (2012). Ensinar e aprender em ambientes
online: alterações e continuidades na(s) práticas docente(s). Em Moreira, J.A.
e Monteiro, A. (orgs.) Ensinar e aprender
online com tecnologias digitais. Porto: Porto Editora.
Hirst, Paul H. (1971). “What is Teaching”. Journal of
Curriculum Studies, Vol. 3, Nº 1. 5-18, traduzido por Olga Pombo
(s.d.). Acedido em 28 de dezembro de 2013 em www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/cadernos/ensinar/hirst.pdf