É
impossível viver sem a imagem e tudo o que ela representa, explícita ou implicitamente.
A vida diária está rodeada por “mensagens” iconográficas, ao ponto de, em
alguns casos, referirmos que as palavras são dispensáveis.
Não sendo apologista da expressão “uma imagem vale mais que mil palavras”, considero
que tanto a imagem como a palavra, sem intervenção pedagógica, são vazias de
significado. Conseguir o diálogo entre ambas é sem dúvida um grande desafio!
A
comunicação que se estabelece entre as pessoas e o meio que as rodeia é
formalizada através do uso e da interpretação de uma simbologia que transformou
a maioria das atividades quotidianas em ações e reações quase intuitivas, face
ao uso da imagem. Essas ações e reações aumentaram exponencialmente com a
introdução das novas tecnologias da informação e comunicação nos mais diversos
domínios pessoais e profissionais.
Porém,
no contexto em que nos encontramos, a imagem aparece como objeto de estudo e,
neste caso, torna-se pertinente avaliar o interesse pedagógico desse tipo de
recurso, assim como perspetivar a sua aplicabilidade em sala de aula.
Nos tempos que correm, somos "bombardeados" com todo o género de
imagens, e essas trazem consigo diversas intencionalidades. Enquanto
educadores, temos um papel muito importante, relativamente ao desenvolvimento
da literacia visual, junto dos nossos alunos.
Se por um lado, a abundância de imagens, que predomina o nosso quotidiano,
facilita, auxilia, informa e diverte, por outro lado, temos a obrigação
pedagógica de descodificar o que essas imagens querem dizer, que mensagens
procuram transmitir. A expressão "esconder algo na imagem", vem
bastante a propósito, devido ao caráter persuasivo que lhe é intrínseco.
Com
efeito, esta reflexão remete-nos a pensamentos recorrentes e voltamos a
questionar as práticas dos professores e a sua falta de formação. É
indiscutível que a utilização de objetos de aprendizagem audiovisuais torna uma
aula muito mais atrativa, mas como refere Moreira (2012) “estes […] podem
tornar-se em algo mais do que um momento de emoção e diversão, podendo converter-se
numa experiência viva e interessante, que ajuda os estudantes a alargarem
conceitos, a pensarem e a confrontarem-se criticamente com outras realidades […]"(p.78).
Assim como ouvir é diferente de escutar, olhar é diferente de ver. Nem
sempre percebemos a diferença. Reconheço que talvez seja preciso “desaprender” e começar a ver as coisas com
"outros olhos".
O educador de hoje deve estar mais atento e mais aberto ao desafio que aqui
se propõe, mas também deve ter acesso a uma formação capaz de nortear a sua
ação pedagógica e não perder de vista as questões centrais colocadas a si
mesmo:
Com
que intencionalidade/objetivo utilizo determinado recurso? Em que contexto?
Bibliografia
Moreira, J.A. (2012). (Re)pensar o ensino com objetos de aprendizagem audiovisuais em ambientes presenciais e online. Em Moreira & Monteiro (orgs.), Ensinar e aprender online com tecnologias digitais - Abordagens teóricas e metodológicas. Porto: Porto Editora.