Em
quaisquer ambientes de aprendizagem o professor continua a ser o impulsionador na
aquisição de competências por parte dos seus alunos. Quer se trate de ensino
presencial ou à distância, o sucesso educativo que se pretende, depende
fundamentalmente das condições pedagógicas existentes.
Monteiro
e Moreira (2012) defendem uma renovação pedagógica constante e uma constante
introspeção, por parte dos professores, sobre o seu papel enquanto educadores, na
relação que mantêm com os seus alunos e na forma de comunicar que utilizam.
Esses
autores identificam alguns modelos de aprendizagem cujo objetivo é o
desenvolvimento de comunidades de prática e de aprendizagem. Destacam o modelo
de Community of Inquiry, o modelo de Brown,
o modelo de interação em ambientes virtuais de Faerber, o modelo de e-moderador
e o modelo de colaboração em ambientes virtuais de Henri e Basque (p.39).
Dos
vários modelos apresentados, destaco o modelo de e-moderação de Gilly Salmon
por considerar que o ambiente em que nos movemos (online), a pequena comunidade
construtivista de investigação que está a ser criada e a metodologia utilizada
pelo professor, possui semelhanças com o referido modelo.
Esse
modelo carateriza-se por relacionar diferentes níveis de interatividade em
ambiente online, desenvolvendo-se em
5 fases distintas:
1. Acesso
e Motivação
Esta primeira fase servirá de apoio às
restantes e, por conseguinte, é muito importante. É dedicada à preparação
técnica que irá suportar todas as ações desenvolvidas posteriormente. O
moderador deverá fornecer aos alunos apoio técnico e ferramentas necessárias ao
trabalho que se seguirá. A utilização de ferramentas de forma intuitiva deve ser
privilegiada de modo a evitar constrangimentos por parte de alguns
utilizadores. Nesta fase o moderador deverá motivar os alunos, apoiá-los e
fornecer instruções claras sobre o funcionamento do curso ajudando-os a
ultrapassar as inseguranças e ansiedades.
2. Socialização online
Nesta etapa o formador continua a dar apoio na
utilização de ferramentas e funcionalidades ao grupo, fomentando a interação
entre os participantes e tentando incutir-lhes uma cultura de grupo. É normal a
utilização de comunicações informais intercaladas com as comunicações mais
formais. Cabe ao tutor, nesta fase, encorajar o grupo a trabalhar
colaborativamente mostrando as suas potencialidades.
3. Partilha de informação
Nesta fase, é esperado que os formandos
continuem as ser apoiados, quer na utilização dos materiais, quer na resolução
das tarefas.
Neste
ponto, os formandos começam a envolver-se com a informação que lhes é
apresentada, estando as suas atenções mais canalizadas para os conteúdos. O
caráter imediato da troca de informações torna-se estimulante, sendo a
participação mais ativa e aumentando, repentinamente, a informação
disponível.
O professor deve guiar o trabalho dos alunos,
valorizando a partilha e ajudando também na organização da informação. É a
etapa de maturação do grupo, onde já há partilha de interesses comuns. O
formador desenvolve o seu trabalho estabelecendo ligações, focando e resumindo
as temáticas em discussão; as suas intervenções devem levar os alunos à
reflexão.
4. Construção de conhecimento
Ultrapassadas
as fases de socialização, de adaptação à utilização das ferramentas
tecnológicas e de partilha de informação entre os formandos, segue-se a fase de
consolidação das aprendizagens
Há lugar para a colaboração. Desta forma, o
tutor deverá incentivar os alunos a aprenderem uns com os outros, confrontando
os seus pontos de vista, questionando e focando a informação obtida. É
necessário, nesta fase, fazer a ligação entre a teoria e a prática.
5. Desenvolvimento pessoal
Esta
fase caracteriza-se por um desenvolvimento de trabalho mais individual. Cada
indivíduo na comunidade procura benefícios para atingir os seus objetivos
pessoais, usando a comunidade e os recursos para proveito próprio. É esta etapa que conduz à autonomia. O aluno
torna-se autor, em vez de consumidor de informação, gerando conhecimento,
apoiando-se no seu saber pessoal e experiência de vida. O papel do e-tutor é
promover o pensamento crítico, levando o aluno a refletir sobre o trabalho
colaborativo, sobre o seu desenvolvimento pessoal e do grupo, assim como a sua
progressão nas aprendizagens.
Em cada etapa o professor necessita de conhecimentos técnicos, assim como, capacidades de e-moderação. No que respeita à interatividade, verifica-se o aumento da sua intensidade até à etapa quatro. Assim, no início, cada participante apenas interage com um ou dois colegas. Na etapa dois o número de colegas com quem cada participante interage é maior, tal como a frequência da referida interação, verificando-se esta tendência até à quarta etapa. Durante a quinta e última etapa, os objetivos tornam-se mais individuais, observando-se uma diminuição da interatividade. Observou-se, no entanto, que a maioria dos aprendentes não ultrapassará a etapa 2 a menos que o e-moderador os ajude e promova a interação. Neste caso, o salto qualitativo numa comunidade de aprendentes, depende da capacidade e habilidade do e-moderador, confirmando que a aprendizagem é um processo, não um acontecimento isolado.
Bibliografia
Monteiro,
A. E Moreira A. (2012). O Blended
Learning e a integração de sujeitos, tecnologias, modelos e estratégias de
ensino-aprendizagem. In Monteiro, A., Moreira, A., Almeida, A.C. e Lencastre,
J.A. Blended Learning em contexto
educativo: perspetivas teóricas e práticas de investigação. Santo Tirso: De
Facto Editores.
O modelo de e-moderador
de Gilly-Salmon (2007)
acedido em novembro de 2013 em http://comunicacaomediadaporcomputador.blogspot.pt/2007/12/o-modelo-de-e-moderador-de-gilly-salmon_8891.html
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