quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Cenários da Utilização das TIC e Paradigmas Educacionais Emergentes

Em quaisquer ambientes de aprendizagem o professor continua a ser o impulsionador na aquisição de competências por parte dos seus alunos. Quer se trate de ensino presencial ou à distância, o sucesso educativo que se pretende, depende fundamentalmente das condições pedagógicas existentes.

Monteiro e Moreira (2012) defendem uma renovação pedagógica constante e uma constante introspeção, por parte dos professores, sobre o seu papel enquanto educadores, na relação que mantêm com os seus alunos e na forma de comunicar que utilizam.

Esses autores identificam alguns modelos de aprendizagem cujo objetivo é o desenvolvimento de comunidades de prática e de aprendizagem. Destacam o modelo de Community of Inquiry, o modelo de Brown, o modelo de interação em ambientes virtuais de Faerber, o modelo de e-moderador e o modelo de colaboração em ambientes virtuais de Henri e Basque (p.39).

Dos vários modelos apresentados, destaco o modelo de e-moderação de Gilly Salmon por considerar que o ambiente em que nos movemos (online), a pequena comunidade construtivista de investigação que está a ser criada e a metodologia utilizada pelo professor, possui semelhanças com o referido modelo.
Esse modelo carateriza-se por relacionar diferentes níveis de interatividade em ambiente online, desenvolvendo-se em 5 fases distintas:

     1. Acesso e Motivação
Esta primeira fase servirá de apoio às restantes e, por conseguinte, é muito importante. É dedicada à preparação técnica que irá suportar todas as ações desenvolvidas posteriormente. O moderador deverá fornecer aos alunos apoio técnico e ferramentas necessárias ao trabalho que se seguirá. A utilização de ferramentas de forma intuitiva deve ser privilegiada de modo a evitar constrangimentos por parte de alguns utilizadores. Nesta fase o moderador deverá motivar os alunos, apoiá-los e fornecer instruções claras sobre o funcionamento do curso ajudando-os a ultrapassar as inseguranças e ansiedades.


2. Socialização online
Nesta etapa o formador continua a dar apoio na utilização de ferramentas e funcionalidades ao grupo, fomentando a interação entre os participantes e tentando incutir-lhes uma cultura de grupo. É normal a utilização de comunicações informais intercaladas com as comunicações mais formais. Cabe ao tutor, nesta fase, encorajar o grupo a trabalhar colaborativamente mostrando as suas potencialidades.

3. Partilha de informação
Nesta fase, é esperado que os formandos continuem as ser apoiados, quer na utilização dos materiais, quer na resolução das tarefas.
Neste ponto, os formandos começam a envolver-se com a informação que lhes é apresentada, estando as suas atenções mais canalizadas para os conteúdos. O caráter imediato da troca de informações torna-se estimulante, sendo a participação mais ativa e aumentando, repentinamente, a informação disponível. 

O professor deve guiar o trabalho dos alunos, valorizando a partilha e ajudando também na organização da informação. É a etapa de maturação do grupo, onde já há partilha de interesses comuns. O formador desenvolve o seu trabalho estabelecendo ligações, focando e resumindo as temáticas em discussão; as suas intervenções devem levar os alunos à reflexão.

4. Construção de conhecimento
Ultrapassadas as fases de socialização, de adaptação à utilização das ferramentas tecnológicas e de partilha de informação entre os formandos, segue-se a fase de consolidação das aprendizagens
Há lugar para a colaboração. Desta forma, o tutor deverá incentivar os alunos a aprenderem uns com os outros, confrontando os seus pontos de vista, questionando e focando a informação obtida. É necessário, nesta fase, fazer a ligação entre a teoria e a prática.

5. Desenvolvimento pessoal
Esta fase caracteriza-se por um desenvolvimento de trabalho mais individual. Cada indivíduo na comunidade procura benefícios para atingir os seus objetivos pessoais, usando a comunidade e os recursos para proveito próprio. É esta etapa que conduz à autonomia. O aluno torna-se autor, em vez de consumidor de informação, gerando conhecimento, apoiando-se no seu saber pessoal e experiência de vida. O papel do e-tutor é promover o pensamento crítico, levando o aluno a refletir sobre o trabalho colaborativo, sobre o seu desenvolvimento pessoal e do grupo, assim como a sua progressão nas aprendizagens.

Em cada etapa o professor necessita de conhecimentos técnicos, assim como, capacidades de e-moderação. No que respeita à interatividade, verifica-se o aumento da sua intensidade até à etapa quatro. Assim, no início, cada participante apenas interage com um ou dois colegas. Na etapa dois o número de colegas com quem cada participante interage é maior, tal como a frequência da referida interação, verificando-se esta tendência até à quarta etapa. Durante a quinta e última etapa, os objetivos tornam-se mais individuais, observando-se uma diminuição da interatividade. Observou-se, no entanto, que a maioria dos aprendentes não ultrapassará a etapa 2 a menos que o e-moderador os ajude e promova a interação. Neste caso, o salto qualitativo numa comunidade de aprendentes, depende da capacidade e habilidade do e-moderador, confirmando que a aprendizagem é um processo, não um acontecimento isolado.

Bibliografia

Monteiro, A. E Moreira A. (2012). O Blended Learning e a integração de sujeitos, tecnologias, modelos e estratégias de ensino-aprendizagem. In Monteiro, A., Moreira, A., Almeida, A.C. e Lencastre, J.A. Blended Learning em contexto educativo: perspetivas teóricas e práticas de investigação. Santo Tirso: De Facto Editores.

O modelo de e-moderador de Gilly-Salmon (2007) acedido em novembro de 2013 em http://comunicacaomediadaporcomputador.blogspot.pt/2007/12/o-modelo-de-e-moderador-de-gilly-salmon_8891.html






Práticas Pedagógicas e as TIC




O contexto escolar é por excelência um contexto de aprendizagem, onde, inevitavelmente, surge a figura do aluno, sobre o qual recai toda a atenção. É através dele que se reflete a aprendizagem, é por ele que opções pedagógicas são tomadas, estratégias delineadas, são selecionados ambientes de aprendizagem diversificados e modelos de ensino que sustentam a prática pedagógica do professor. Importa perceber o que e como se ensina e o que e como se aprende. É nesse âmbito que surgem modelos pedagógicos singulares, quer pela sua aplicabilidade a um determinado público-alvo, quer pela modalidade de ensino a que se destina.
Já antes foi referida a importância de contextualizar as nossas práticas, utilizando as ferramentas adequadas às atividades que queremos realizar. Neste novo contexto, a criação de ambientes de aprendizagem favoráveis à construção de conhecimento ganha especial sentido, na medida em que se pretende o contacto com modelos construídos especificamente para ambientes online.
A introdução das Tecnologias da Informação e da Comunicação no sistema de ensino português levou a que emergissem novos conceitos de ensino e aprendizagem, sendo o blended learning a metodologia que tem suscitado mais interesse no mundo académico e cujo conceito atual evoluiu progressivamente.
 José Alberto Lencastre (2012) a esse respeito, refere que a forma de comunicação utilizada para promover a aprendizagem é que, de certa forma, carateriza as metodologias de ensino online, sendo o blended learning uma junção entre a comunicação assíncrona e síncrona, criando assim uma “categoria de caraterização mista “(p.21).
Refere ainda que a literatura apresenta uma variedade muito grande de modelos de blended learning, sendo uns mais inovadores do que outros, mas cuja natureza é determinada pelo utilizador ou pelo docente.
Nesse sentido, a adoção de modelos que sustentem as ações que o professor/tutor pretende implementar junto do seu grupo de trabalho, permitirá a todos tirar o melhor partido dessa interação.
Bibliografia
Lencastre, J.A. (2012). Blended Learning: a evolução de um conceito. Em Monteiro, A., Moreira, J.A., Almeida, A.C. e Lencastre, J. A. Blended Learning em contexto ediucativo. Santo Tirso: De Facto Editores.

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RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
 
(mal vivido talvez ou sem sentido)
 
para você ganhar um ano
 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
 
novo
 
até no coração das coisas menos percebidas
 
(a começar pelo seu interior)
 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
 
mas com ele se come, se passeia,
 
se ama, se compreende, se trabalha,
 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
 
não precisa expedir nem receber mensagens
 
(planta recebe mensagens?
 
passa telegramas?)
 

Não precisa
 
fazer lista de boas intenções
 
para arquivá-las na gaveta.
 
Não precisa chorar arrependido
 
pelas besteiras consumadas
 
nem parvamente acreditar
 
que por decreto de esperança
 
a partir de janeiro as coisas mudem
 
e seja tudo claridade, recompensa,
 
justiça entre os homens e as nações,
 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
 
direitos respeitados, começando
 
pelo direito augusto de viver.
 

Para ganhar um Ano Novo
 
que mereça este nome,
 
você, meu caro, tem de merecê-lo,
 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
 
mas tente, experimente, consciente.
 
É dentro de você que o Ano Novo
 
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade